domingo, 16 de maio de 2010

MALDITA CACHAÇA

O DESTINO É MALEVA.
PARA ALGUNS COMPANHEIROS
VAI CRUZANDO OS JANEIROS
SE AFOGANDO NA DESGRAÇA.
O ÍNDIO DOBRA A CARCAÇA,
TIRANDO A PRÓPRIA VIDA
SE MATANDO NA BEBIDA ,
NA ILUSÃO DA CACHAÇA.

ETA CANHA MALDITA!
QUE DERRUBA MUITO CUERA,
DEIXANDO RANCHOS TAPERA
E MUITA GENTE A PENAR
COMO UM CUSCO A BUSCAR
O VERDADEIRO DONO,
UM REI SEM TRONO
SEM FAMÍLIA E SEM LAR.

POR QUE BEBER, MEU AMIGO
RESOLVE A TUA SITUAÇÃO?
ESQUECE ALGUMA PAIXÃO
NESTA ÁGUA TÃO ARDENTE?
TEU PASSADO, O PRESENTE
VOCÊ TENTA ESQUECER
È TRISTE, É TRISTE, VAI MORRER
NUM SUICÍDIO LENTAMENTE.

SOU CONTRA QUALQUER VÍCIO,
PRINCIPALMENTE ESTA CANHA
QUE VEM CHEIA DE MANHA
COMO CHINA A SE OFERECER,
QUERENDO ME CONVENCER,
VENDENDO O DISSABOR
NÃO QUERO O TEU AMOR.
O TEU FALSO PRAZER!

DOUTORES,ESTUDIOSOS NÃO ENTENDEM
O ALCCÓLATRA, ESTE HUMANO
QUE PASSA A VIVER OS ANOS,
ENRIQUECENDO O BODEGUEIRO,
A SAÚDE E SEU DINHEIRO
SE VAI COMO UM VENDAVAL,
PERDE O CARÁTER E A MORAL
NESSE DESTINO TRAIÇOEIRO.

QUANDO VEJO UM ALCCÓLATRA,
A SUA ALMA FERIDA E NUA,
NO RELENTO, CAÍDO NA RUA
OU NOS BANCOS DE ALGUMA PRAÇA
BEBEU, BEBEU A DESGRAÇA,
QUIS APAGAR AS SUAS MÁGGOAS,
BEBENDO ESTA ÁGUA,
ESTA MALDITA CACHAÇA.

AUTOR- LEÔNIDAS CAMARGO
DO PRIMEIRO LIVRO
TROPA DE VERSOS.

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